5 de outubro de 2020
Um dos espaços que contam parte da história do Recife e que hoje é mais uma opção de divulgação do artesanato pernambucano é a Casa da Cultura, localizada na rua Floriano Peixoto, bairro de São José. O lugar foi idealizado para ser um presídio público, mas hoje atrai turistas e recifenses que desejam conhecer um pouco mais sobre a cultura do estado.
No século XIX, quando houve a necessidade de construir uma casa de detenção no Recife, a ideia era que o lugar servisse de abrigo para uma média de 200 presos. Os anos passaram e rapidamente o lugar se tornou pequeno para o número de pessoas em confinamento, chegando a mil detentos, oito por cela.
Confira o processo de transformação de cadeia pública para Casa da Cultura no Recife!
História
A intenção de construir uma casa de detenção no Recife surgiu em 1848. O projeto foi desenvolvido pelo engenheiro da Secretaria de Obras Públicas de Pernambuco, Mamede Alves Ferreira. O início das obras aconteceu dois anos depois, em 1850.
O trabalho de Mamede já era conhecido, o engenheiro também foi responsável pela idealização de prédios como o Ginásio Pernambuco e o Hospital Pedro II. Assim como o Mercado de São José, a cadeia pública foi construída a partir de modelos na França considerados modernos para a época.
O espaço ficou pronto em 1867 e era composto por quatro alas opostas, no formato de cruz, lembrando também uma rosa dos ventos, fazendo alusão aos pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Quando somados com o saguão central e a cúpula, a área atingia 8400 m². Apesar do ano de término da obra, a casa de detenção foi inaugurada 12 anos antes, em 1855, com 156 celas.
O presídio no meio da cidade
Os anos passaram e o prédio operou como presídio por 118 anos. Perto do Rio Capibaribe, é de se imaginar que o clima do centro do Recife naquela época fosse de medo ou receio, já que a estrutura era situada no meio da cidade. Muito pelo contrário. Era comum que os presos trabalhassem para que fossem reintegrados na sociedade.
Muitos produtos saíam das grades da cadeia pública para as mãos da população recifense. Os presos tinham a possibilidade de trabalhar com panificação dentro da área construída. Outra alternativa era a fabricação de jogos de tabuleiro. Como lazer, eles também formavam times de futebol e tinham acesso a uma biblioteca.
Mas as coisas não permaneceram assim por mais tempo. Com o passar das décadas, as celas foram ficando cada vez mais cheias e o número de presos batia mais de mil, quando a capacidade era para 200 pessoas. As celas que foram projetadas para três pesos, estavam com oito.
Com o excesso de pessoas, o fato da cadeia pública está localizada no centro do Recife se tornou uma preocupação. Foi quando Francisco Brennand, no ano de 1963, um dos mais importantes artista plástico do estado, na época chefe da Casa Civil, começou a imaginar que o espaço poderia se tornar um lugar de divulgação da produção de artesanato de Pernambuco.
Uma ideia que só foi posta em prática em 1973, depois que o governador Eraldo Gueiros Leite fechou a casa de detenção e realocou os presos para a Penitenciária Agrícola de Itamaracá.
O prédio, que hoje conhecemos como Casa da Cultura, foi tombado em 1980 pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Quatro anos antes, em abril de 1976, era inaugurada a Casa da Cultura, pela arquiteta Lina Bo Bardi e Jorge Martins Junior em parceria com a Fundarpe.
A Casa da Cultura
Trabalhos de 149 municípios estão, atualmente, fazendo parte da Casa da Cultura. A diversidade do artesanato à venda atrai turistas e moradores locais, transformando o lugar em mais uma opção rica em cultura e história para quem deseja saber mais sobre a capital pernambucana.
Na versão cultural, as antigas celas – preservadas fisicamente, embora não sejam mais usadas para fins de confinamento – agora ofertam produtos no formato de lojas e livrarias. O pátio externo, onde os presos jogavam bola anteriormente, agora é reservado para shows e atividades educativas.
Apenas uma cela permanece sem alteração, sendo mais um convite para que visitantes admirem o passado e futuro. Há, ainda, um espaço gastronômico que oferece as comidas típicas da nossa região, como bolo de rolo, tapioca, pamonha, canjica, acarajé. Também tem opção para quem preferir fazer refeições completas, o parte sul dispõe de restaurante focado na culinária local.
O famoso mel de engenho e a cachaça pernambucana também se fazem presenta na Casa da Cultura.
No segmento de artesanato, pode-se encontrar trabalhos em cerâmica ou barro. A arte do Mestre Vitalino carrega uma variedade significativa no espaço: jogos de damas e xadrez, bumba-meu-boi, anjos e presépios, são algumas das opções.
Os tradicionais santos em madeira, rendas e bordados, sandálias e bolsas de couro, itens de cama, mesa e banho, xilogravuras e roupas são uma ótima pedida para lembrancinhas locais.
É até poético afirmar que onde se espremiam oito presos agora serve de incentivo à literatura. A livraria da Casa da Cultura é especializada em livros que contam a história de Pernambuco e contém um Café e sala de pesquisa.
A Casa da Cultura vai além de um espaço de divulgação de artesanato – ainda que a proposta seja válida e necessária – e oferece ótima estrutura para eventos culturais, com três elevadores panorâmicos. Teatro e anfiteatro externo fazem parte da área. Também possui o Museu do Frevo que conta a história da música local pernambucana.
Em época de São João e Carnaval, o pátio é frequentemente utilizado com apresentações musicais e outras atividades que celebram a cultura local. Com fácil localização, uma vez que a Casa da Cultura está ao lado da estação do metrô, não tem desculpa certa que impeça a população e os turistas de visitar o espaço.
É sempre válido conhecer a cultura do nosso estado e a história do lugar que vivemos. Sendo turista ou não, no Recife Centro você sabe mais sobre pontos importantes da cidade, como o Mercado São José, por exemplo.
Serviço:
Casa da Cultura
Rua Floriano Peixoto, sem número, bairro de São José.
Segunda a sexta, das 9h às 19h
Sábado, das 9h às 18h
Domingo, das 9h às 14h
Telefone: (81) 3184.3152
Entrada: Gratuita
Última atualização: 8 de outubro de 2020 as 12:02