
27 de maio de 2021
Foi nos anos 1960 que o pernambucano José Pereira desembarcou em Recife com o sonho de mudar de vida. De origem humilde e semi-analfabeto, o jovem chegou à capital decidido a abrir seu próprio negócio. Naquela época o centro ainda não era movimentado, os meios de transporte eram difíceis e os pequenos comerciantes tinham dificuldades de encontrar fornecedores.
José logo enxergou uma oportunidade para começar seu tão sonhado negócio. Com dificuldades, começou a trazer artigos de vestuário de outras cidades para vender em atacado para os camelôs, que se concentravam principalmente nos bairros de Santo Antônio e São José. Ali começava sua bem sucedida vida profissional, de onde nasceria a Malharia Manchete, que em 2021 comemora 40 anos. Foi no número 151 da Rua das Calçadas, em um pequeno prédio cedido pela Igreja da Penha, que ele se instalou e passou a atender às encomendas que aumentavam a cada dia.
Com a popularização do comércio na cidade de Caruaru, as vendas no ramo do vestuário diminuiria. José então precisou se reinventar. Teve a ideia de montar uma pequena fábrica – ainda hoje em atividade – para produção e distribuição de meias. Decisão mais uma vez acertada. A fama se espalhou e a clientela não demorou a crescer. Vinha gente de cidades e estados vizinhos à procura do Zé da Meia, como ele passou a ser conhecido.

“Temos muita história”. Dona Libânia continua o legado de seu marido à frente do negócio
“Foi um começo difícil, mas tínhamos muita vontade de trabalhar”, conta dona Libânia, com quem o comerciante se casou em 1981. O casal tocaria o negócio juntos até 2017, quando José faleceu em decorrência de um câncer. Mas a Malharia Manchete resiste em tempos difíceis carregando o legado de seu fundador. Ela faz um balanço dessa história: “Passamos por muitos altos e baixos, mudanças de moeda, crises, inclusive essa última; mas o importante é que a clientela permaneceu fiel, frequentando nossa loja todos esses anos.”
Hoje, no mesmo endereço onde há 40 anos abriu suas portas, a Malharia Manchete está se adaptando às novas tecnologias, instalando máquinas de cartão de crédito, e se prepara para entrar no ramo do varejo. Dona Libânia trabalha com dois funcionários e continua vendendo as meias e malhas que tornaram a loja famosa.
Ao final da entrevista, ela faz um convite: “O centro é muito bonito, o comércio daqui é muito rico. Eu digo às pessoas para frequentarem nossas praças e ruas e cuidarem junto conosco. Que o comerciante tenha onde trabalhar e as pessoas possam comprar e desfrutar de tudo que o centro tem de bom”.
Acompanhe nosso blog para conhecer mais histórias sobre as lojas e ruas do centro do Recife.
Última atualização: 27 de maio de 2021 as 10:42